sábado, 23 de outubro de 2010

Blasé


Se quando amanhecer,
num dia de amargura,
olhar para o lado
oposto da cama
e lá estiver vazio,
me vem exclamações de
blasé, como?onde?quem falou?
o que afinal foi mesmo, ou nem ao menos
saiu de partida.
Sem ao menos deixar o bilhete que ficava
em cima da cabeceira, me restou
juntar os cacos da fotografia ao
chão que ali respirava na euforia do luar,
deitado na confusa grama miada,
enduendando na
cortez invalida, sem reações adversas,
o narcisismo que subia de
tamanha volúpia,
se desmanchou na poeira dos tempos,
olhando por cima
enxergando o piso
molhado de planto
perdido debruçado nos lençóis
virado de um lado pro outro
sem cair ao chão,
indo no lugar mais perto
sem poder usufruir
da cama mais larga,
da cama de dois,
porém na cama calma.


Thiago Pires

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